Carta para você II

Escrever sobre você não me é fácil, escrever para você parece ser difícil e eu não entendo como você consegue me roubar as palavras. Logo eu, que sempre soube usá-las tão bem. Talvez seja porque você foge de qualquer enquadramento de racionalização, você simplesmente chega, você me vem e me invade, e no começo eu até pensei que eu é que controlava permitir ou não. Mal sabia que ao permitir eu estava dando o controle ao inevitável e que ao não permitir eu estava tomando uma atitude que logo lá na frente me levaria de volta a você. Sim, é verdade, eu bem que tentei te evitar, logo no começo, onde eu não sabia seu cheiro, onde o seu olhar não tinha a chance de penetrar no meu, onde eu lia apenas as suas palavras e desconhecia quem você é. Então passamos tempos assim, desconhecidos, e eu já nem pensava ou sentia vontade de querer você na minha vida. Mas você voltou, ou eu voltei, ou voltamos ao mesmo lugar dando um recomeço àquilo que ficou - quase nada, mas o necessário para eu te saber ali, sentado na minha frente, e perceber os meus olhares fugindo dos seus, o que até hoje eu não sei explicar: meu olhar desviando do seu e te procurando apenas quando não me olhava. Foi o que bastou para dar início ao que somos hoje.
Tive medo do efêmero, confesso. Às vezes, de tão intenso que algo é, logo atinge o seu limite e estagna e aos poucos desacontece. O que eu ainda não sabia é que se tratando de você não há limites, assim como nada haveria de ser efêmero, e não é.
Então hoje eu estou entregue, e você me cuida como ninguém, você me toma em seus braços e me protege, me mima e me briga, se preciso, fazendo de mim alguém melhor e despertando os melhores sentimentos e o orgulho de saber que sou eu que estou com você, que são os meus beijos, os meus abraços, os meus carinhos e cuidados que você quer. E assim nos merecemos.
Agradeço todos os dias, em pensamento, obrigada, meu amor, obrigada por ter você vivendo comigo.

Do blog da Lorena